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China e o poder da tecnologia: o novo eixo da geopolítica mundial

A China está reformulando sua posição no tabuleiro global ao transformar a alta tecnologia em instrumento central de poder econômico, político e estratégico. O país, que por décadas foi reconhecido como “a fábrica do mundo”, agora busca assumir o papel de líder em inovação e desenvolvimento científico, reposicionando-se como força determinante na economia digital e na disputa geopolítica do século XXI.

Nos últimos anos, o governo chinês tem direcionado investimentos maciços para setores de ponta como inteligência artificial, semicondutores, biotecnologia, computação quântica e energia verde. O objetivo é reduzir a dependência tecnológica de países ocidentais, especialmente dos Estados Unidos, e construir uma infraestrutura autônoma capaz de sustentar seu crescimento e segurança nacional.

A estratégia se apoia em programas como o “Made in China 2025”, que incentiva a modernização industrial e o domínio de tecnologias avançadas, e o “Plano de Desenvolvimento da Inteligência Artificial”, que visa colocar o país na liderança mundial da área até 2030. Além disso, o governo fortalece ecossistemas de inovação ao redor de universidades, centros de pesquisa e startups, criando verdadeiros polos tecnológicos, como Shenzhen e Hangzhou — hoje comparadas ao Vale do Silício.

Esse movimento, porém, desperta inquietação internacional. As restrições impostas pelos Estados Unidos à exportação de chips e equipamentos de alta performance ilustram uma nova corrida tecnológica, na qual inovação e segurança nacional se entrelaçam. A disputa por domínio em áreas como 5G, defesa cibernética e inteligência artificial tornou-se um dos principais campos de tensão entre China e Ocidente.

Na perspectiva global, a ascensão tecnológica chinesa tem impacto direto nas cadeias produtivas e nos fluxos comerciais. Países da América Latina, incluindo o Brasil, observam com atenção as oportunidades de cooperação e transferência de tecnologia, mas também os desafios de se manterem competitivos diante de um novo centro de poder industrial e científico.

A aposta da China é clara: controlar a tecnologia é controlar o futuro. Ao investir pesadamente em inovação e autossuficiência, o país busca não apenas prosperar economicamente, mas também definir os rumos da economia e da política mundial nas próximas décadas. Essa estratégia coloca o gigante asiático no coração das transformações que moldarão a nova ordem global — uma ordem em que a ciência, mais do que a força militar, será o principal instrumento de poder.