A questão dos jogos digitais se tornou um sério problema social.
A epidemia do vício em apostas online no Brasil atingiu proporções alarmantes, com impactos econômicos e sociais dramáticos!
R$ 23,9 bilhões foram perdidos por brasileiros em apostas online só ente entre julho de 2023 e junho de 2024. No mesmo período, os apostadores gastaram R$ 68,2 bilhões em apostas e taxas de serviço, recebendo de volta apenas R$ 44,3 bilhões.
Essas perdas representam 0,22% do PIB brasileiro, equivalente a 1,9% da massa salarial do país.
Cerca de 22 milhões de brasileiros (13% da população com 16 anos ou mais) realizaram apostas online nos últimos 30 dias. A maioria dos apostadores (56%) tem entre 16 e 39 anos, sendo 62% do sexo masculino.
O vício em apostas online é reconhecido como uma questão de saúde pública, com especialistas alertando para o aumento de casos de dependência.
Há relatos de indivíduos que perderam todo o salário em poucos dias devido ao vício em jogos como o “Tigrinho”.
O setor varejista brasileiro sofreu perdas estimadas em R$ 103 bilhões em 2024 devido ao redirecionamento de gastos para apostas online.
Em decorrência dessa tragédia, a recente CPI das Bets foi instaurada para investigar a influência das apostas online no orçamento das famílias brasileiras .
Depois dos donos, influenciadores serão convocados para explicar o seu papel no aliciamento de apostadores endividados na CPI que investiga os crimes das casas de apostas online.
A investigação da Comissão começa a revelar o que muitos já intuíram: as “bets” não são só um jogo, são uma engrenagem de aliciamento digital que empurra milhões ao endividamento e ao desespero.
Influenciadores como Viih Tube, Rodrigo Mussi e Eliezer já foram convocados com obrigação de comparecimento. Outros, como Felipe Neto e Mayk Santos, foram apenas convidados e podem optar por não ir. Para a relatora, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), essas oitivas são fundamentais para compreender como a publicidade sedutora nas redes sociais está moldando a cultura do jogo e do vício entre os jovens.
A tragédia silenciosa aparece nos números: uma multidão de brasileiros atolado em dívidas, muitos deles atraídos pela promessa de dinheiro fácil, empurrados para apostas recorrentes, e agora reféns da própria esperança.
A CPI quer investigar, inclusive, se há contratos que premiam influenciadores com bônus proporcionais às perdas dos apostadores. Caso isso se confirme, o país estará diante de uma das mais perversas formas de exploração digital já registradas: gente ganhando dinheiro à medida que seus seguidores perdem tudo.
A discussão vai além da regulação da publicidade. Trata-se de proteger a população de um sistema que transforma a vulnerabilidade em lucro, e que usa rostos carismáticos para tornar o vício em jogo um hábito cotidiano.
Por Emerson Barros de Aguiar
Colunista PB blog
